Efeito de cultivares de batata e de agrotóxicos sobre os perfis de rDNA de comunidades bacterianas do solo

Abstract

A agricultura mundial tem passado por grandes transformações ao longo dos anos em função da necessidade de produzir quantidades crescentes de alimento, suprir as deficiências nutricionais e/ou condições de cultivo dos solos agrícolas, necessidade de agregar maior produtividade às cultivares, livrar as culturas de pragas e doenças e promover maior sustentabilidade à atividade agrícola. As mudanças ocorridas nas práticas agrícolas têm levado a uma queda na qualidade do solo e em mudanças na comunidade microbiana do solo cuja manipulação, através de práticas de manejo do solo e das culturas, é uma estratégia básica para o desenvolvimento da sustentabilidade dos sistemas agrícolas. No entanto, o uso intensivo do solo não necessariamente afeta negativamente algumas propriedades do solo, como biomassa e atividade microbiana, mas suas conseqüências dependem principalmente das práticas agrícolas adotadas que alteram a qualidade e a quantidade dos resíduos vegetais adicionados ao sistema ou pelo uso de compostos orgânicos. Por outro, a aplicação de agrotóxicos, como inseticidas e fungicidas, nem sempre tem recebido a devida atenção em relação aos efeitos sobre a microbiota do solo. Esta tese teve por objetivo avaliar os efeitos da aplicação de agrotóxicos e o uso de diferentes cultivares sobre a comunidade bacteriana do solo. O uso de diferentes cultivares de batata mostrou que a estrutura da comunidade bacteriana associada ao rizoplano de diferentes cultivares de batata sofreu mudanças, tanto entre as cultivares quanto em relação às épocas de coleta, em que as mudanças observadas nesta comunidade foram fortemente influenciadas pelas características morfo-fisiológicas intrínsecas das cultivares. Foi observada uma diminuição na discriminação entre as comunidades bacterianas associadas ao rizoplano das diferentes cultivares à medida que as plantas atingiram o final do ciclo. A aplicação dos inseticidas e fungicidas resultou em uma sucessão bacteriana pela qual as populações bacterianas foram mais homogêneas nas terceira quarta coletas, em comparação com as 2 primeiras coletas, não tendo sido observados efeitos significativos para a aplicação dos agrotóxicos. Por causa disto, foi observada mudanças significativa na comunidade bacteriana apenas nas 2 primeiras coletas. O efeito dos inseticidas e fungicidas dentro de cada solo foi muito específico, variando nas primeira e segunda coletas. Entretanto, a comunidade bacteriana do solo de área de produção convencional mostrou a maior diferença para a comunidade bacteriana do controle. O efeito da aplicação dos inseticidas na comunidade bacteriana dos diferentes solos foi muito similar, enquanto que o efeito dos fungicidas foi característico para cada um, provavelmente em função de seus efeitos diretos sobre o grupo dos fungos que apresentam uma relação estreita com a comunidade bacteriana do solo. As comunidades bacterianas dos solos do sistema integrado de produção agroecológica e de área de floresta secundária mostraram as menores variações em relação à comunidade bacteriana do controle, indicando uma maior resistência à aplicação dos agrotóxicos associada a estes solos. Contudo, a comunidade bacteriana do solo de área de floresta secundária mostrou maior resistência à aplicação dos agrotóxicos do que a comunidade bacteriana do solo do sistema integrado de produção agroecológica. A técnica de PCR-DGGE se mostrou bastante eficiente na determinação dos efeitos de inseticidas e fungicidas sobre a comunidade bacteriana do solo.