Afetividade na educação de jovens e adultos: a relação educador e educando na construção de vínculos com os conhecimentos

Abstract

A presente pesquisa propôs-se a identificar como as professoras da EJA percebem que a dimensão afetiva de suas práticas pedagógicas afeta a construção de vínculos dos educandos com os conhecimentos. Pretendeu-se identificar a repercussão da construção de sentidos e significados decorrentes do processo de inserção nas práticas sociais dos conhecimentos, a partir das relações afetivas entre sujeito e educadora, bem como o vínculo sócio-histórico dos conhecimentos na/da educação do povo e o compromisso social das práticas docentes. Para compreender como o afeto interfere no comportamento, na percepção de mundo e explicitar a fundamentação da afetividade, sentidos e significados na constituição do sujeito e sua relação com a aprendizagem, tomou-se por base a abordagem de Almeida (1999), Leite (2018) e Donadon (2020), que pautaram seus estudos na teoria Vigotskiana e Walloniana. Para trazer o vínculo sócio-histórico dos conhecimentos na/da educação do povo e o compromisso social das práticas docentes, assim como a formação do conhecimento socialmente construído e sua relevância para educação do povo, contamos com Brandão (2006), Freire e Faundez (1998). A coleta de dados foi baseada na metodologia qualitativa, com a realização de entrevistas semipadronizadas. O aporte para o desenvolvimento teórico-metodológico teve como base Flick (2009) e Severino (2016). As participantes, professoras atuantes da EJA, foram incentivadas a rememorar suas práticas educativas, verbalizando seus sentimentos e significados em relação a tais práticas. Os dados foram transcritos e agrupados em núcleos de significação, propondo-se a identificar os diversos sentidos construídos pelos sujeitos no processo vivenciado, isso para explicitar a fundamentação da afetividade, dos sentidos e significados na constituição do sujeito e a sua relação com a aprendizagem. Os resultados indicaram que as relações afetivas construídas entre educandos e educadoras estão intimamente ligadas a aproximação dos alunos com os conhecimentos e com a escola. Nas narrativas, foi possível identificar que as práticas educativas afetivas contribuem para a permanência e continuidade.