Formação docente na educação infantil da Rede Municipal do Rio de Janeiro: uma análise das políticas da educação das relações étnico-raciais

Abstract

Este trabalho teve por objetivo analisar os elementos formativos destinados aos profissionais de educação infantil da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, tendo como foco a apreciação das formações em serviço, por meio das Jornadas Pedagógicas, e à luz das discussões teóricas na perspectiva de uma educação antirracista. O objetivo da pesquisa, portanto, foi analisar os elementos formativos enquanto espaço para a formação dos profissionais que atuam com a Educação Infantil para que tratem as relações étnico-raciais. Deste modo, apresentam-se como objetivos específicos descrever os elementos formativos que compõem as Jornadas, compreender as concepções explicitadas dos gestores no que tange às políticas de educação infantil e as relações étnico-raciais, bem como compreender o papel da formação do professor nesse processo. As escolas, compreendidas como uma instância social, têm a responsabilidade de repensar seu projeto pedagógico com vistas à formação de cidadãos que respeitem e valorizem a diversidade presente na sociedade brasileira. Neste sentido, é de suma importância que se invista na formação inicial e continuada dos profissionais docentes a fim de que eles possam se apropriar ou reapropriar de conhecimentos para transformação de sua prática. O enfoque da pesquisa buscou a reflexão sobre a educação para as relações étnico-raciais e a educação infantil, apresentou um breve histórico da educação infantil no contexto nacional e local, assim como o processo de transição deste segmento da educação básica entre as Secretarias de Educação e Assistência Social, fazendo assim parte do nosso caminho teórico-metodológico, e a criação das políticas formativas para os profissionais atuantes em creches e Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) na referida rede de ensino. A pesquisa se ancorou sobre o tripé educação das relações étnico-raciais, formação de professores e educação infantil, dessa maneira, optamos por dialogar com autoras(es) que se aproximam desses campos teóricos. Como referencial, consideram-se as contribuições de Paulo Freire e perspectiva da educação libertadora, e a educação em uma perspectiva decolonial sob os estudos de Catherine Walsh. Dialogamos com produções de Mary Del Priore para tratar as infâncias brasileiras, espera-se que tais estudos nos subsidiem apontando contribuições. A fim de buscar respostas à problemática, a pesquisa estruturou-se a partir da perspectiva qualitativa e, para a coleta de dados, utilizou a entrevista semiestruturada destinada aos gerentes da educação infantil que ocuparam o cargo nos últimos dez anos, bem como a análise das Jornadas Pedagógicas. A partir da triangulação dos dados coletados fizemos a análise a fim de buscar respostas às problemáticas elencadas. Percebemos os avanços nas pesquisas no campo da educação infantil e das relações étnico-raciais, temos um arcabouço teórico que tem sido aumentado nos últimos anos, as pesquisas têm apontado a importância de tratarmos das questões raciais no segmento da educação infantil. Para tal, é de suma importância que os profissionais que atendem à primeira infância tenham um conhecimento potente sobre culturas plurais, tenham uma visão aguçada e sensível para a problemática étnico-racial no Brasil e no mundo e incorporem estes conhecimentos para uma transformação da práxis pedagógica.