Os efeitos adversos da insegurança alimentar - acentuada pela Covid-19 - e o cultivo de alimentos agroecológicos no quilombo Dona Bilina

Abstract

A pandemia da Covid-19 expôs e acentuou as disparidades sociais presentes na realidade da população brasileira, sendo os grupos sociais mais atingidos aqueles que, historicamente, estão sujeitos a maior vulnerabilidade e marginalização, no tocante ao acesso às políticas públicas de inclusão e serviços básicos essenciais para uma vida digna. Um dos principais efeitos adversos decorrentes dessa crise sanitária foi o aumento da Insegurança Alimentar no país. No contexto do campo de estudo desta pesquisa, os territórios quilombolas sofreram em demasia com tal consequência. Em vista disso, a Comunidade Remanescente de Quilombo Dona Bilina do Rio da Prata, localizada na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, utilizou como estratégia para contornar esse cenário alimentar tão pesaroso, uma ação comunitária para suprir parte da subsistência das famílias quilombolas, a qual resultou na construção de uma horta. Logo, este estudo teve como proposta registrar e analisar como se sucedeu esse projeto social da horta em um contexto pandêmico, os saberes ancestrais dos quilombolas, no tocante ao cultivo de alimentos, os quais foram excepcionais para construção e manutenção da horta, assim como o processo de reconhecimento da comunidade como quilombola, já que há uma disponibilidade limitada de publicações acadêmicas que abordem especificamente esta comunidade tradicional.