Avaliação da capacidade protetora da piperina adicionada à ração contra os efeitos tóxicos da aflatoxina B1 em frangos de corte

Abstract

A interferência da piperina (amida extraída da pimenta do reino) adicionada à ração de frangos de corte intoxicados experimentalmente por aflatoxina B1 (micotoxina de grande relevância no setor avícola) e sua capacidade quimioprotetora foram o principal objetivo deste trabalho. O experimento foi dividido em dois ensaios: (i) O primeiro ensaio foi realizado para determinar os efeitos de diferentes concentrações de piperina (0, 60, 120 e 180 ppm) foram avaliados e sua possível toxicidade. Noventa e seis pintos (Cobb), com 7 dias de idade foram divididos aleatoriamente em 4 grupos (n=24), por 35 dias consecutivos. Os parâmetros avaliados foram: hematológicos, bioquímicos, histopatológicos (proventrículo, moela, fígado e rim), histomorfométrico (intestino delgado) e parâmetros zootécnicos. A concentração de 60 ppm de piperina adicionada à ração foi segura para frangos de corte, tendo ainda resultado em melhor desempenho dos frangos na fase final (36-42 dias de idade). A concentração de 180 ppm promoveu leucopenia e nas concentrações de 120 e 180 ppm foi observada diminuição do número de heterófilos e monócitos; hepatotoxicidade, com elevação da enzima AST e alterações histopatológicas em ambas as concentrações; diminuição da superfície de absorção nos segmentos (jejuno e íleo) do intestino delgado, porém, sem alteração dos parâmetros zootécnicos. (ii) Para o segundo ensaio com a concentração de 60ppm de piperina: 60 frangos com 9 dias de idade, foram divididos em 4 grupos (n=15): grupo controle, grupo aflatoxina B1 (0,5 mg aflatoxina B1.kg-1 de peso vivo por via oral), grupo piperina (60 ppm adicionada à ração) e grupo piperina associada a aflatoxina B1, determinando-se a capacidade quimioprotetora da piperina sendo avaliados os parâmetros zootécnicos, hematológicos, bioquímicos, histopatológicos, histomorfométricos, os efeitos genotóxicos da aflatoxina B1 pelo teste do cometa e do micronúcleo, presença de heterófilos tóxicos no sangue periférico. Os frangos intoxicados com aflatoxina B1 (0,5 mg de aflatoxina B1.Kg-1 de peso vivo) apresentaram: diminuição do ganho médio de peso e piora da conversão alimentar; diminuição do rendimento de carcaça e cortes; hepatotoxicidade, com aumento de peso relativo do fígado e coração, variações macroscópicas do parênquima hepático e elevação das enzimas hepáticas; aumento das enzimas renais, sem evidência de lesões macroscópicas e microscópicas no tecido renal; leucopenia, com diminuição significativa de linfócitos e heterófilos; diminuição da superfície de absorção em função da redução do comprimento e largura das vilosidades de todos os segmentos estudados do intestino delgado; presença de heterófilos tóxicos. Os efeitos citotóxicos e genotóxicos da aflatoxina B1 foram significativamente reduzidos ou ausentes no grupo piperina associada a aflatoxina B1, sem diferença significativa entre o grupo controle e piperina. A ração de frangos de corte com 60 ppm de piperina foi segura, promovendo efeito benéfico tanto nos parâmetros zootécnicos avaliados, como na sanidade avícola, por impedir os efeitos tóxicos da aflatoxina B1 em frangos de corte.