Variação morfológica, agronômica e tolerância a estresses bióticos e abióticos em genótipos de tomate cereja sob cultivo orgânico

Abstract

Dentre os aspectos que dificultam a produção e a expansão do tomate orgânico está à alta suscetibilidade da espécie a pragas e doenças e a inexistência de cultivares desenvolvida para este sistema de produção, forçando os produtores orgânicos a utilizarem variedades e híbridos selecionados para o sistema convencional. Assim, os objetivos desta pesquisa foram: a) identificar a variabilidade genética existente na coleção de genótipos de tomateiro do grupo cereja pertencente ao Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, tendo como base caracteres morfológicos e agronômicos; b) avaliar o potencial dos genótipos selecionados como genitores em programa de melhoramento genético de tomateiro para cultivo orgânico destinados ao consumo in natura; c) avaliar a tolerância a requeima, a produtividade, a tolerância a insetos e a ocorrência de defeitos nos frutos dos genótipos selecionados. Para isso, inicialmente, foram avaliados 25 genótipos de tomateiros do grupo cereja quanto aos caracteres agronômicos, produtividade e qualidade dos frutos, em condições de campo, em modelo em blocos incompletos (látice triplo), considerando modelo fixo. A análise da variância foi seguida da aplicação do teste de Scott- Knott. Em seguida, instalaram -se dois experimentos de campo, em condições de manejo orgânico, com cinco genótipos ENAS 1017 ENAS 1027 ENAS 1010 ENAS 1014 ENAS 1019 selecionados na primeira etapa e duas cultivares comerciais ‘Perinha Água Branca’ e Sweet Grape®. No primeiro ensaio avaliou-se o progresso da requeima a partir de infecção natural e no segundo, a produtividade, ataque de pragas e anomalias fisiológicas. Na primeira etapa detectou-se elevada variação genética entre os materiais para a maioria das características agronômicas estudadas, com destaque para diâmetros dos frutos, espessura de pericarpo, largura da seção da columela, comprimento da seção da columela, número de lóculos, peso dos cachos, peso médio dos frutos e ciclo, os quais apresentaram valores elevados para a relação do coeficiente de variação genética pelo coeficiente de variação do erro (CVg/CVe), o que permite selecionar genótipos promissores para futuros programas de melhoramento. No ensaio com os cinco genótipos selecionados, observou-se alta severidade de requeima e diferenças significativas entre os genótipos com destaque para a variedade local, usada como testemunha, ‘Perinha Água Branca’, seguido do genótipo ENAS 1014, que se destacaram pelo menor progresso da doença. No segundo ensaio, observou-se variação quanto à produtividade com destaque para o genótipo ENAS 1027 pela maior produtividade total correspondente a 22581 kg/ha e segundo maior número de frutos, no entanto, mostrou-se susceptível a requeima e com alta percentagem de frutos danificados. O genótipo ENAS 1014 destacou-se por apresentar menor percentagem de frutos defeituosos e a terceira maior média em número de frutos produzidos.