Dinâmicas da paisagem urbana em municípios periféricos: análise, percepções e prospecções das unidades morfo-territoriais e espaços livres de Seropédica, RJ

Abstract

Esta dissertação apresenta o estudo da relação direta entre as distintas configurações morfo-territoriais e socioecômicas do recorte intraurbano do Km-49, principal núcleo urbano de Seropédica, seus espaços livres, e as respectivas percepções e rotinas da população local. As principais questões levantadas neste trabalho são: As configurações das Unidades Morfo-territoriais interferem no uso dos espaços livres de edificação com a função de lazer? A qualidade dos espaços livres de edificação interferem na rotina, nos hábitos dos moradores da cidade periférica? O estudo de caso é um recorte intraurbano periférico da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) que apresenta diversidade morfo-territorial em sua composição. O território do município de Seropédica, pode ser considerado uma zona de sacrifício, pois além de infraestrutura urbana precária, a degradação ambiental se amplia como resultado do crescimento urbano desordenado, da extração de areia e brita, e da instalação de um centro de tratamento de resíduos sobre aquífero. Em vias de se tornar um novo pólo logístico/industrial, o município ganha luminosidade com investimentos que têm impactado toda a RMRJ – o Arco Metropolitano, p.ex. -, bem como o recorte urbano e periurbano municipal, especialmente nas proximidades da BR-465, principal elemento orientador de seu desenvolvimento. Esta pesquisa se propõe a analisar as dinâmicas sócio-espaciais, os usos e apropriações dos espaços livres públicos do Km-49, com foco em três praças conhecidas como: a Praça da Câmara, Praça do Campinho de Areia e Praça da Rua Sete. A pesquisa qualitativa e exploratória se divide nas seguintes etapas: (a) marco teórico, abordando os conceitos de território, paisagem, unidade morfo-territorial e espaços livres; (b) aspectos metodológicos: observação incorporada, entrevistas, questionários, ficha de categorização dos espaços livres; (c) caracterização do recorte de análise em seus aspectos sócio-culturais e econômicos, e aspectos geobiofísicos; (d) mapeamento de unidades morfo-territorias, e estudo sobre seus espaços livres de edificação; (e) análise da relevância atual dos espaços livres públicos no recorte. A investigação revelou como a apropriação e qualidade das praças públicas está diretamente imbricada com as relações de poder político e paramilitar presentes na gestão das mesmas, e o modo como a população toma a conservação dos espaços de livres de congregação pública como reflexo da gestão municipal. Foram também registradas as principais mudanças apontadas na rotina da população em um quadro de requalificação dos respectivos espaços livres públicos. Espera-se que este trabalho contribua e forneça referencial para pesquisas e projetos que busquem uma justificação qualitativa da relevância dos espaços livres urbanos e periurbanos de regiões periféricas, dando suporte a políticas públicas de ordenamento e gestão dos espaços livres públicos e da paisagem.