Dinâmica de carbono e nitrogênio em solo sob cultivo de capim marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu) em monocultura e consorciado com leguminosa forrageira

Abstract

Devido ao atual cenário do aquecimento global que vem provocando as mudanças climáticas, tem-se a necessidade de adoção de estratégias para mitigação das emissões dos gases causadores do efeito estufa (GEEs). Entre, as diversas áreas de ação para mitigação da emissão desses gases, está a agropecuária, responsável por boa parte das emissões de GEEs do Brasil, sendo necessária a implantação de sistemas com potencial de sequestro de carbono via solo, conforme recomenda o Plano de Agricultura de Baixo Carbono. Diante desse cenário este estudo teve como objetivos: 1- Avaliar se o uso de um sistema com pastagem consorciada com leguminosa forrageira é tão eficiente no acúmulo de carbono no solo quanto um sistema em monocultura adubado com fertilizante nitrogenado. 2- Estudar o impacto no acúmulo do carbono e nitrogênio no solo pela implantação, no mesmo ano, de sistemas com pastagens com e sem adubação com fertilizante nitrogenado ou consorciadas com leguminosa forrageira em duas regiões sob condições edafoclimáticas diferentes. Para atingir tais objetivos foram conduzidos três experimentos, a saber: 1- sistemas com pastagem produtiva de Urochloa brizantha cv. Marandu com pastagem consorciada de amendoim forrageiro (Arachis pintoi)- capim Marandu introduzida 8 anos após pastagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum) fertilizada com N; 2- estudo instalado em duas áreas experimentais com diferentes condições edafoclimáticas, sendo implantados sistemas com pasto de capim Marandu com e sem fertilização nitrogenada e consorciado com leguminosa forrageira (Arachis pintoi e Desmodium ovalifolium), além de avaliar também sistemas consorciados e em monocultura mais antigos já implantados e tendo como referência a área de vegetação nativa do entorno. Em todos os sistemas foram coletadas amostras de terra para análise da densidade do solo, teores de carbono e nitrogênio total e abundância isotópica de 13C. Como resultados observados, os sistemas com pastagens consorciada com leguminosa forrageira (Arachis pintoi e Desmodium ovalifolium) são recomendados, por acumular carbono no solo em taxas similares ou até maiores que os sistemas de pastagens em monocultura fertilizados com nitrogênio sintético. Os sistemas com pastagens bem manejadas, em monocultura ou consociadas, apresentam maiores quantidades de sequestros de carbono nos anos iniciais após a implantação e reduzem com o avançar dos anos até atingir um equilíbrio. O que interfere no uso do valor de sequestro de curto prazo para projetar o potencial de mitigação de GEE dos sistemas de longo prazo. O sistema implantado para fins de crédito de carbono e projetos de mitigação de GEE, visando o armazenamento e sequestro de carbono no solo, respondem de forma diferenciada quando implantados em regiões com condições edafoclimáticas e/ou históricos de manejos anteriores a implantação diferentes.