Educação inclusiva e a praxiologia motriz: perspectivas semiomotrizes na equoterapia

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo central investigar as possíveis relações entre a prática equestre educativa e o processo semiológico nas condutas motrizes dos agentes da Equoterapia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Essas relações foram compreendidas dentro das diferentes lógicas internas (PARLEBAS, 1981, 1999) deste tipo de educação equestre/inclusiva a fim de compreender como a Equoterapia responde as significações motrizes de alunos/praticante de uma escola pública municipal da cidade de Seropédica no Estado do Rio de Janeiro. Desse modo, a presente pesquisa se caracterizou por um estudo de caso, de natureza qualitativa, do tipo descritiva e exploratória. Para a coleta dos dados, utilizou-se um levantamento bibliográfico, diário de campo, observações das sessões equoterápicas e entrevistas semiestruturadas com os 10 sujeitos da pesquisa e participantes do projeto: “A Equoterapia gerando inclusão de alunos com necessidades especiais na escola” da UFRRJ. As entrevistas foram divididas em três blocos de perguntas, sendo o primeiro relacionado as características gerais dos bolsistas, o segundo as Necessidades específicas e estratégias equoterápicas e o terceiro ao trabalho inclusivo. A análise de dados foi realizada através da Análise de Conteúdo de Bardin, a partir de três etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados. Utilizou-se a Técnica de Análise Categorial, elaborando três categorias a priori: (1) Equoterapia Tradicional/Educacional; (2) Sociomotricidade; (3) Educação Inclusiva. A análise praxiológica da Equoterapia da UFRRJ indica uma estrutura Educacional criando outras lógicas internas para atender as Necessidades Educacionais Específicas (NEE) dos estudantes, que em sua totalidade estavam dentro do Transtorno do Espectro Autista. A principal NEE do grupo é a interação social. Para tal, utilizou-se a sociomotricidade, forjando uma logicidade interna com distintas situações interativas e cooperativas, por meio de brinquedos cantados, cantigas com instrumentos musicais e rodas interativas/inclusivas, buscando a interação entre todos os agentes equoterápicos (praticantes, cavalos e equipe). Todos esses agentes desencadeiam um processo de comunicação por meio da motricidade, produzindo dados semiológicos nas quais são expressos pelos gestemas e praxemas. O gestema é o ato de puxar a rédea em direção ao próprio corpo ou verbalizar “ooooou” e jogar o corpo para trás faz com que o cavalo pare. Já o praxema é o aluno/praticante

tocar com o seu pé na barriga do cavalo, está estimulando o cavalo a andar mais rápido. Sendo assim, foi possível constatar que os sujeitos da pesquisa buscaram ações de identificação com possíveis outras logicidades dentro da estrutura equoterápica sociomotriz. Mesmo diante de um modelo peculiar equoterápico, os agentes promovem uma situação equestre educacional inclusiva.