Construção e validação de uma escala psicopedagógica para identificação de tipos de ansiedade na aprendizagem de universitários

Abstract

A ansiedade é algo inerente ao processo de aprendizagem, todos podem vivenciá-la em alguma ocasião. Obstáculo epistemofílico é quando este fenômeno interfere negativamente na interação entre sujeito e objeto do conhecimento, e, em vez da ansiedade sinalizadora, são ativadas a confusional, paranoide ou depressiva. Situações acadêmicas novas podem funcionar como gatilho para o universitário e provocar alterações emocionais que comprometam o processo de aprendizagem. O objetivo deste estudo é construir e validar uma escala para identificação dos tipos de ansiedade na aprendizagem de universitários, sob a perspectiva da psicopedagogia. Diferenciar esta tipologia colabora para o planejamento de ações de promoção de saúde e educação, assim como fundamenta intervenções especializadas para o manejo das ansiedades. A revisão de literatura apontou a predominância de instrumentos que avaliam os níveis de ansiedade e a inexistência dos que identificam os seus tipos na aprendizagem. Organização do estudo: 1) Esquematização dos postulados teóricos relacionados às ansiedades desadaptativas, descritos por J. Visca e M. Klein, para estruturação conceitual do construto com a definição constitutiva e operacional dos fatores para elaboração dos itens da escala tipológica de ansiedade; 2) Descrição dos procedimentos para a construção dos itens da escala e o tratamento psicométrico para a validação do instrumento. Ações: Construiu-se uma escala com quatro fatores: sinalizadora, confusional, paranoide e depressiva e seis facetas: modalidade de aprendizagem, valência do objeto, comportamento interacional, medo, reação manifesta e mecanismos de defesa. Validação de Conteúdo dos itens: cinco juízes especialistas avaliaram a clareza da linguagem, a pertinência e a relevância e 58 acadêmicos/população-alvo avaliaram a clareza, a adequação e a compreensão. Análise: Clareza de linguagem – o coeficiente de validade geral = 0,89, pertinência = 0,96 e relevância = 0,92; CVC global da escala = 0,92; Coeficiente de validade total para os critérios de clareza = 0,87, adequação = 0,84 e compreensão = 0,87. Desvio padrão: clareza = 0,021, adequação e compreensão = 0,025. Aplicação da escala on-line: 127 universitários, independentemente de gênero, idade, curso, IES pública/privada, em 10 estados, 38 IES. Análise: Na modelagem da escala de escolha forçada os itens do ranking foram recodificados em comparações binárias com uso da Teoria de Resposta ao Item Thurstoniana. Análise dos dados usando Mplus 7.11, os parâmetros dos itens foram estimados usando ULSMV, parametrização Theta, 10.000 iterações e critério de convergência igual a 0,001. Considerações: Pode-se afirmar que a versão inicial da escala apresentou boas evidências de validade de conteúdo com escores acima =/> 0,80 atendendo à nota de corte descrita na literatura. A fidedignidade da escala foi avaliada por meio das análises de validade de estrutura interna para o modelo obliquo em que: χ2 (131) = 179,059, p = 0,0034; CFI = 0.949 TLI = 0.940; RMSEA = 0.040 (CI 90% 0.024 - 0.054) e ortogonal em: χ2 (132) = 205,068, p < .001; CFI = 0.922; TLI = 0.910; RMSEA = 0.049 (CI 90% 0.036 - 0.062), ambos considerados satisfatórios, sendo a correlação entre os fatores de 0,913 (p < 0,001). A estrutura fatorial do instrumento foi confirmada, de acordo com a expectativa teórica, e os índices de ajuste e precisão dos escores merecem destaque, dado os bons resultados encontrados. A ampliação da aplicação do instrumento poderá fornecer dados mais robustos para novas análises, para o aprofundamento do tema e avanço da área.