Compostos fermentados farelados: comunidades microbianas e eficiência agronômica associadas à fertilização no cultivo orgânico de hortaliças

Abstract

O trabalho de tese foi estruturado em quatro capítulos cujos estudos abordaram o manejo da fertilização com compostos fermentados no desempenho agronômico de hortaliças, assim como a caracterização do microbioma no ambiente rizosférico de hortaliças e adubos verdes. No capítulo I, caracterizou-se a comunidade bacteriana associada à rizosfera do milho e das fabáceas guandu (Cajanus cajan) e tefrósia (Tephrosia sinapou) em monocultivos ou consorciados. No capítulo II, realizou-se o balanço agroeconômico de um módulo de cultivo orgânico diversificado de hortaliças, assim como a caracterização da comunidade bacteriana de diferentes espécies. No capítulo III, avaliou-se as características químicas, físico-químicas, os efeitos nematicidas e a eficiência agronômica de compostos fermentados formulados com farelos de fitomassas de fabáceas e resíduos agroindustriais na fertilização de pimenteira biquinho. No capítulo IV, realizou-se a caracterização das comunidades fúngica e bacteriana colonizadoras de iscas instaladas em povoamentos vegetais e na rizosfera do tomateiro produzido em ambiente protegido e fertilizado com compostos farelados. No capítulo I, constatou-se que as fabáceas guandu e tefrósia consorciadas ao milho não promovem alterações na comunidade bacteriana associada ao cereal, cujos phyla Actinobacteriota, Proteobacteria e Acidobacteriota apresentaram maiores abundâncias relativas. No capítulo II, foi constatado que o sistema de cultivo orgânico diversificado de hortaliças é economicamente viável, gerando receitas líquidas médias mensais de R$ 11.906,81 e R$ 8.749,29 reais, respectivamente, comercialização em feira orgânica e agroecológica. A comunidade bacteriana associada às hortaliças difere entre espécies. As maiores riquezas e a diversidade de espécies foram encontradas nos ambientes rizosféricos da couve e da alface lisa. O gênero Bacillus foi predominante nas diferentes espécies estudadas. No capítulo III, verificou-se que os compostos fermentados formulados com o bagaço de malte apresentam eficiência agronômica semelhante aos derivados do farelo de trigo. A produção da pimenteira biquinho foi superior com a utilização dos compostos formulados com as fitomassas das fabáceas. O composto fermentado contendo o farelo de mamona apresentou efeito de toxidez total ou parcial às plantas da pimenteira biquinho em dosagens superiores a 400mg de N dm-3

. Todavia, a aplicação desse composto reduziu significativamente o número de galhas ocasionadas pelos fitonematoides na dosagem de 200 mg de N dm-3

e proporcionou controle total em dosagens superiores. No capítulo IV, constatou-se que os compostos influenciaram de maneira distinta o desenvolvimento do tomateiro, cujo composto não fermentado inoculado com os microrganismos provenientes da serrapilheira de eucalipto proporcionou a maior massa seca de raízes e produção de frutos na ordem de 306,77 g planta-1

. Os gêneros Bacillus e Klebsiella apresentaram as maiores abundâncias relativas nas iscas. Apesar disso, ocorreu uma diminuição da abundância relativa do gênero Bacillus nas rizosferas dos tomateiros derivadas da fertilização com os compostos fermentados e ausência do gênero Klebsiella, indicando influência da fermentação do composto e da espécie cultivada. Os gêneros das comunidades fúngicas presentes nas iscas apresentaram abundâncias relativas distintas e alguns gêneros não foram encontrados nas rizosferas dos tomateiros fertilizados com os compostos fermentados.