Tecnologias e ensino em ciências: a educação em saúde no contexto pandêmico a partir das narrativas docentes

Abstract

A COVID-19 é uma infecção viral que se espalhou, sincronicamente, por várias partes do mundo e determinou significativa mudança sociocultural e econômica, que veio reestruturar, também, os processos formais de ensino e aprendizagem. A paralisação das atividades escolares presenciais, e a adoção do sistema de trabalho remoto, fizeram parte de um conjunto de medidas de distanciamento social que objetivaram conter a pandemia. Nesse cenário, destacou-se o uso amplo das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), via redes sociais, aplicativos educacionais e plataformas digitais. Além disso, as questões relativas à saúde se tornaram populares, frente às ideias negacionistas e disseminação de fake news, determinantes para tomada de decisões e conscientização geral. Nesse contexto, a narrativa da pandemia passou a ocupar o centro das atenções e fez emergir novas formas de ensinar e aprender sobre saúde no ambiente digital. A proposta da presente pesquisa foi investigar como os professores de Ciências e Biologia, da rede pública estadual do município de Barra Mansa, articularam suas práticas pedagógicas de ensino e de aprendizagem na educação em saúde às Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), durante o Ensino Remoto Emergencial (ER). Assim, o presente estudo vem adotar uma abordagem metodológica qualitativa por meio de pesquisa exploratória de dados documentais (decretos, leis, portarias, resoluções emitidas pela Secretaria de Estado da Educação - SEEDUC-RJ) e análise de narrativas dos docentes. Com base na análise de documentos oficiais e das entrevistas narrativas em torno das práxis pedagógicas atreladas à educação em saúde frente ao uso das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), constatamos que as desigualdades socioeconômicas dos sujeitos representam condições que não foram previstas, mas que acabaram por comprometer a efetivação das atividades pedagógicas não presenciais mediadas por tecnologias digitais. Neste sentido, identificamos que a dificuldade de acesso à tecnologia e a falta de fluência tecnológica vêm como desafios imediatos a serem enfrentados em um contexto de ampla necessidade e potencialidades de uso dos recursos digitais. Percebemos, também, que atrelado a um entrave conceitual prevalece a intencionalidade pedagógica para ações de Educação em Saúde (ES) na escola como meramente individuais e comportamentalistas. Então, destacamos que as abordagens críticas-reflexivas em detrimento dos modelos comportamentalistas, normativos e descontextualizados da prática social, somados a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade da temática saúde são essenciais para ampliação de conhecimentos que busquem promover autonomia e empoderamento dos discentes.