Desenvolvendo a consciência linguístico-discursiva por meio das novas tecnologias de informação e comunicação: proposta de capacitação para a produção textual nos anos finais do Ensino Fundamental

Abstract

Esta pesquisa/intervenção apresenta experiência didática com base na inclusão de novas tecnologias de informação e comunicação e no exercício de análise e produção de entrevistas. Apoiada na Sociolinguística Interacional - ramo dos estudos sociolinguísticos com foco no uso da língua nos processos de interação em contextos socioculturais específicos, bem como na construção da relação entre os falantes, do qual sobrelevam o trabalho de Gumperz (1982), também, por associação, a microssociologia de Goffman (1964, 1969), assim como os estudos da polidez linguística desenvolvidos por Brown e Levinson (1987) a partir da “face” goffmaniana e a metodologia de análise das estratégias de comunicação de Bortoni-Ricardo (2004, 2014) – e na Análise da Conversação – corrente de investigação interessada no estudo empírico da interação falada e na maneira como ela é gerida cooperativamente pelos participantes, da qual se destacam a obra de Sacks, Schegloff e Jefferson (1974), Kerbrat-Orecchioni (2006) e Marcuschi (1997, 2001, 2008) -, tal proposta destacou, para os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, a importância dos fatores contextuais e também a necessidade de uso de estratégias de polidez nas negociações discursivas demandadas pelas interações comunicativas de que participamos. Os objetivos almejados por esta pesquisa foram o desenvolvimento da consciência linguístico-discursiva e também o aumento da competência sociocomunicativa dos alunos, aferidos na forma de entrevistas. A prática do gênero entrevista foi mediada pelo uso do telefone celular e também do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, estando submetida à hipótese de que o uso pedagógico dessas tecnologias é capaz de promover a aprendizagem coletiva e cooperativa de formas e usos da língua portuguesa. Ao longo da investigação e conforme a hipótese aventada, verificou-se na entrevista a capacidade de viabilizar a participação cooperativa na construção dos textos e dos discursos além de constituir oportunidade de aplicação das estratégias de polidez de modo a promover a harmonia nas relações interpessoais, enquanto no uso pedagógico do telefone celular e do WhatsApp ensejou-se a valorização das práticas comunicativas dos estudantes e a expansão das oportunidades de aprendizagem para além do ambiente da sala de aula.