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Tipo do documento: Dissertação
Title: “Muita terra para pouco índio” - uma etnografia da construção de vazios como ferramenta ontológica da frente parlamentar da agropecuária na destruição do direito territorial indígena
Authors: Ribeiro, Julia Dolce
Orientador(a): Borges, Antonádia Monteiro
Primeiro membro da banca: Borges, Antonádia Monteiro
Segundo membro da banca: Neto, Caio Pompeia Ribeiro
Terceiro membro da banca: Castro, Camila Penna de
Keywords: Frente Parlamentar da Agropecuária;propriedade privada;terras indígenas;plantation;vazio demográfico;Agribusiness Parliamentary Front;Private propriety;indigenous lands;wilderness
Área(s) do CNPq: Agronomia
Planejamento Urbano e Regional
Agronomia
Planejamento Urbano e Regional
Idioma: por
Issue Date: 28-Feb-2025
Publisher: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UFRRJ
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Programa: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Citation: RIBEIRO, Julia Dolce. “Muita terra para pouco índio” - uma etnografia da construção de vazios como ferramenta ontológica da frente parlamentar da agropecuária na destruição do direito territorial indígena. 2025. 276 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2025.
Abstract: Essa dissertação é uma etnografia da construção de vazios como dispositivo ontológico empenhado pelos parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Federal brasileiro, popularmente conhecida como Bancada Ruralista, na tentativa de destruição do marco legal que estabelece o direito territorial indígena no Brasil. A noção da construção de vazios parte da tese do vazio demográfico – importante ferramenta colonial que, historicamente, legitimou a apropriação de territórios indígenas pela invisibilização e desumanização de seus povos – para propor sua atualização por meio tanto do apagamento étnico-racial indígena via processos de desindigenização, quanto do esvaziamento utilitarista do sentido de seusterritórios por não corresponderem aos padrões produtivistas do agronegócio. O aporte teórico da pesquisa é enraízado na teoria antropológica, na contraantropologia e na filosofia crítica racial pós- colonial, particularmente em obras de pensadores indígenas e negros que questionam a modernidade, a linearidade civilizatória de sua historicidade, e sua produção de subjetividades baseadas em figuras éticas cunhadas por e para sujeitos brancos, como um projeto universalizante que devora ontologias de povos racializados por meio de processos de subjugação racial. Esse aporte destaca a centralidade dos fatores Racial e Colonial para a operação do Capital, e particularmente, para a atuação do agronegócio hoje, por meio da permanência da plantation tanto como sistema produtivo quanto como modelo cognitivo. O agronegócio é compreendido como um núcleo aglutinador que une diferentes setores ao redor da agenda comum da plantation, principalmente a defesa e absolutização da propriedade privada da terra, orientando também a atividade legislativa da FPA. Ele é analisado como um subproduto dessa modernidade que também almeja projetar sua universalidade sobre povos racializados, particularmente povos e comunidades tradicionais do Brasil, de modo a disputar suas territorialidades e conquistar a captura branca de seus territórios. Para tanto, é investigado como o empenho da figura do produtor rural, enquanto um self transparente e universalizante da sinédoque política do “agro é tudo”, assimila identidades e práticas agrícolas contraplantation. Esse movimento é entendido como uma estratégia calcada em uma ansiedade branca à uma crescente recusa à modernidade, materializada no aumento populacional de povos e comunidades tradicionais por meio das retomadas identitárias e territoriais. A dissertação costura uma ampla revisão bibliográfica com registros e dados colhidos em pesquisa de arquivos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, no Arquivo Nacional, na Agência FPA e nos registros de reuniões parlamentares; bem como um levantamento das proposições legislativas sobre terras indígenas propostas por integrantes da FPA entre a 56a e a 57a legislatura; além de dados de trabalhos de campo realizados no Congresso Nacional e na rodovia BR-163, de modo a compreender a construção de vazios como fundamento da concepção agro de território.
Abstract: This dissertation is an ethnography of the construction of voids as an ontological device used by members of the Parliamentary Front for Agribusiness (FPA) in the Brazilian Federal Congress, popularly known as the Ruralist Caucus, in an attempt to destroy the legal framework that establishes indigenous territorial rights in Brazil. The notion of the construction of voids is based on the thesis of demographic emptiness (wilderness) – a colonial tool that has historically legitimized the appropriation of indigenous territories by making their people invisible or dehumanized – in order to propose its updating through both the ethnic-racial erasure of indigenous peoples via de-indigenization processes and the utilitarian emptying of the meaning of their territories which do not correspond to the productivist standards of agribusiness. The theoretical framework of the research is rooted in anthropological theory, counter- anthropology, and postcolonial critical race theory, particularly in the works of indigenous and black thinkers who criticize modernity, the civilizing linearity of its historicity, and its production of subjectivities based on ethical figures created by and for white individuals, as a universalizing project that devours the ontologies of racialized peoples through processes of racial subjugation. This framework highlights the centrality of Racial and Colonial factors to the operation in Capital today, and particularly to the performance of agribusiness, through the permanence of the plantation both as a productive system and as a cognitive model. Agribusiness is understood as a nucleus that unites different sectors around the common agenda of the plantation, mainly the defense and absolutization of private land ownership, and guides the legislative activity of the FPA. It is also analyzed as a byproduct of modernity that also aims to project its universality onto racialized peoples, particularly traditional peoples and communities of Brazil, in order to dispute their territorialities and conquer the white capture of their territories. To this end, it is investigated how the commitment of the “farmer/producer” figure, as a transparent and universalizing self of the political synecdoche of “agribusiness is everything”, assimilates counterplantation identities and agricultural practices. This movement is understood as a strategy based on white anxiety and a growing refusal of modernity, materialized in the demographic growth of traditional peoples and communities through identity and territorial recaptures. The dissertation weaves together a broad bibliographic review with records and data collected in archival research at the Digital Newspaper Library of the National Library, the National Archive, the FPA Agency and records of parliamentary meetings; with a survey of legislative proposals on indigenous lands by members of the FPA between the 56th and 57th legislatures; in addition to data from fieldwork carried out in the National Congress and on the BR-163 highway, in order to identify the construction of voids as the basis of the agro-conception of territory.
URI: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/23156
Appears in Collections:Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade

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